A Semana do Estudante, comemorada há 10 anos pelas Pastorais da Juventude na semana do dia 11 de agosto (celebrado no Brasil como Dia do Estudante), é um momento importante para que o protagonismo juvenil seja promovido. À luz do tema: “Semana do Estudante – 10 anos sonhando e construindo a Civilização do Amor”, do lema “No caminho da história, a opção por uma educação libertadora” e sob a inspiração da experiência libertária dos Discípulos de Emaús (Lucas 24,13-35), é que o debate sobre a educação brasileira é proposto aos jovens.
Em 2012, ao abordar a
“Civilização do Amor” – tratada com destaque na Doutrina Social da Igreja –, a
Semana do Estudante quer reafirmar o compromisso para com todos os estudantes
em vista da construção de uma educação de qualidade.
Mas, quem são os jovens estudantes da Diocese de Campo
Mourão? Por ocasião desta semana tão importante, o Setor Juventude conversou com
alguns deles, procurando conhecer um pouco seus anseios e expectativas.
Concluinte do Ensino Médio, a
jovem Rafaela Lailiele está ansiosa
pelo vestibular, ou melhor, pelos vestibulares. É que, para garantir uma vaga
no Ensino Superior, ela vai concorrer em três instituições diferentes: a Universidade
Tuiuti do Paraná, o Cesumar e a Unipar. Vaidosa, a terra-bonense de 16 anos
sonha em se formar em Estética e Cosmética, graduação na qual terá condições de
desempenhar atividades profissionais como prestadora de serviço autônomo em
centros de estética, spas, academias, e estabelecimentos afins.
Enquanto ela já tem definido que
rumo seguir, a indecisão vocacional aflige a maioria dos jovens. É o caso do
mourãoense Alisson Vicente. Ele
acaba de entrar na maioridade e termina o Ensino Médio. “Não sei bem qual a
profissão seguir. Antes de prestar o vestibular, quero ter certeza do que
fazer”, revela o jovem, que é fanático torcedor do Corinthians e participante
do grupo Kairós do Lar Paraná. Por outro lado, após as aulas regulares, ele faz
curso técnico em Análises Clínicas no período da tarde.
Se esses jovens ainda sonham com
a graduação, outros já vivenciam diariamente a dinâmica do Ensino Superior. O
peabiruense Bruno Baza é um deles.
Ele faz Economia na Unespar/Fecilcam e, embora aponte algumas dificuldades enfrentadas
no curso, sabe que o diploma lhe abrirá muitas portas na vida. Pensando
nisso, ele tenta conciliar as atividades da graduação com seu trabalho: realidade
compartilhada por muitos estudantes da região de Campo Mourão.
Ana Caroline Queiros, por exemplo, trabalha durante o dia em
Goioerê e segue, toda noite, para Campo Mourão, onde faz o 1º ano de Letras,
também na Fecilcam. “Eu estou gostando muito, porque é um curso que me proporciona
um aprendizado muito diversificado, pelo fato de abranger o Inglês, a Língua Portuguesa,
o Latim e Libras”, conta a estudante que pretende seguir a carreira do
magistério.
Conterrâneo de Ana Caroline e
também calouro, o jovem Gilberto
Henrique Santos, que é coordenador paroquial da Juventude de Ação Mariana
na sua comunidade, vive um momento de apreensão. É que ele faz Engenharia de
Alimentos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) que continua em
greve. Ainda que apoie a paralisação dos docentes, Gilberto teme perder as
férias e se mostra preocupado com o calendário das aulas. “Já são mais de dois
meses que as federais estão em greve e, por enquanto, nada de um acordo com o
governo”, reclama.
Diversamente de Gilberto, que continua
sem aulas, o seminarista diocesano Dean Fabio Gomes, está repleto de atividades, desde o primeiro semestre, quando teve seu projeto de iniciação científica aprovado. Ele cursa Teologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) em Maringá, e está satisfeito com a experiência acadêmica, sobretudo pela oportunidade de realizar pesquisas. “Manter um ritmo de estudo nem sempre é fácil. O interesse
por algumas áreas pode desviar o foco e condicionar ao risco do desinteresse
por outras. Planejar um estudo equilibrado tem sido minha maior dificuldade”, confessa.
Da mesma forma que ele, Lorena Torres,
acadêmica de Administração pela UEM, também tem muitas atividades para cumprir, sobretudo
agora, quando elabora seu trabalho de conclusão de curso (TCC). O tema de sua
monografia, aliás, é inspirado tanto na sua caminhada como coordenadora de
grupo de jovens marianos, quanto na de seus pais, ex-militantes da Pastoral da
Juventude. “O assunto da minha pesquisa é o trabalho voluntário, que partiu da
minha experiência na atuação na Igreja e de ouvir em casa as pessoas que
convivo sempre me dizendo que é nos grupos que nós aprendemos coisas que a
faculdade não ensina”, conta a jovem, que tem 21 anos. Apesar da correria
própria da universidade e de estar morando em Maringá, ela não deixou de lado
seu compromisso com o movimento juvenil a que pertence. Por outro lado, ela
revela que “precisa ter persistência. Tem hora que a gente acha que não vai dar
conta. Mas... é na Igreja que eu consigo colocar em prática muito do que
aprendo na faculdade, e é com o trabalho na Igreja que aprendo muita coisa que
me ajuda na faculdade”.
Lorena pensa em emendar a
faculdade com um curso de pós-graduação: iniciativa já tomada pela jovem Débora Marconato que, no ano passado, terminou
o curso de Letras pela Fecilcam. Voluntária da Pastoral da Comunicação
(PASCOM), Débora faz especialização em Ludicidade e Práticas Pedagógicas pela
Faculdade Integrado de Campo Mourão. Além de enriquecer o próprio currículo, a
jovem de 23 anos pretende se aperfeiçoar na prática docente.
Assim como Débora, a mourãoense Mônica Copoal também concluiu a
graduação recentemente pela Fecilcam, mas em Pedagogia, e pretende continuar os
estudos com um curso de pós-graduação lato sensu primeiro e, depois, mestrado. Para ela,
aprimorar a formação é indispensável quando se trata de algumas carreiras, como
a de professores, por exemplo. No entanto, ela chama a atenção para um fenômeno
curioso que se percebe entre os jovens. “Acredito que hoje, talvez por
praticidade em arrumar um trabalho que não necessite ter Ensino Superior como
requisito, muitos jovens preferem trabalhar e ganhar um pouco mais agora, do
que estudar e dividir isso com o trabalho”, afirma a jovem que não participa de
nenhuma pastoral, mas que frequenta a missa semanalmente. Ela reclama que “só com
diploma de graduação é difícil atuar na área, porque preferem pagar estagiário a
contratar recém-formada”. Assim, Mônica vê na especialização uma oportunidade para a
realização do sonho de atuar como pedagoga.
São os sonhos, a propósito, que
levam a jovem Ana Amélia Calazans da Rosa, de Ubiratã, a alçar vôos altíssimos.
Formada em Letras pela Fecilcam em 2009, Ana concluiu o curso de mestrado em Linguística
Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas. E não parou por aí. Atualmente
é aluna do programa de doutorado em Linguística Aplicada pelo Instituto de
Estudos da Linguagem da UNICAMP. Uma entrevista com ela, aliás, será publicada
em breve neste blog.
Seja qual for o nível e a
modalidade de ensino, é certo que a responsabilidade dos estudantes é sempre
grande. É preciso, portanto, que haja seriedade e dedicação aos estudos, procura contínua
pela qualificação e o pensamento constante de auto-superação. Só assim, a construção da Civilização do
Amor acontecerá de fato.
Assim, o Setor Juventude da
Diocese de Campo Mourão deseja a todos e todas uma ótima Semana do Estudante,
com muitos debates e reflexões, mas principalmente, com gestos concretos.